terça-feira, 28 de março de 2006

calem-se as vozes escuras


uma coisa é certa
duas coisas também e ninguém conta
ninguém me disse tal coisa!

hoje ou amanhã o sol brilhará e não deixarei de dizer que a vida é bela apesar do travo do cravo na boca na ponta da arma de um abril de nevoeiro e uma praia vazia onde os barcos já não conhecem os portos e as pessoas não embarcam pois o óleo não deixa!

aquece-me então os lábios com beijos como brasas debaixo da mesa da cozinha onde jornais defendem a pele da dor do calor do quente do fogo das brasas...!

segunda-feira, 27 de março de 2006

Dia Mundial do Teatro


e para festejar ensaio eu o teatro e o cinema no mesmo prato.
vejam teatro e acreditem nos vossos olhos mas dêem ouvidos aos que estão por dentro e que fazem teatro com paixão! ora viva!

Kundera partido por mim

A Lentidão de Milan Kundera

Quando eu era pequeno, diziam-me que, se encostasse uma concha ao ouvido, ouviria o murmúrio imemorial do mar...viverá o homem desde sempre no interior de uma dessas conchas ressoantes?

Há um elo secreto entre a lentidão e a memória, entre a velocidade e o esquecimento.

O amor é um dom não merecido; ser-se amado sem mérito é justamente a prova de um amor verdadeiro.

Pensamos sempre que as oportunidades de um homem são mais ou menos determinadas pela sua aparência, pela beleza ou fealdade do seu rosto, pela sua conformação... Errado. É a voz que decide tudo. Tudo depende da força da voz.

Tendemos a esquecer demasiado depressa.

Tudo o que fazemos, seja poesia ou seja ciência, é uma revolta.

Não podemos escolher a época em que nascemos. E vivemos todos debaixo do olhar das câmaras.

Estou a fazer-te festas nos seios mas só penso no teu olho do cu.

Poderá deveras passar-se tão ligeiramente da admiração ao desprezo?

asas para que vos quero?

uma é minha, outra é tua e a outra de quem é?


um verão diferente - diriam as minhas primas

as moscas da água verde azul de lodo

rodeados pelos fogos mesmo ali

e nós na água no lago que levanta pó por dentro

mais lento é o seu movimento pois as águas são pesadas como os corpos!

sábado, 25 de março de 2006

amigos são amizades deviam ser cães fiéis!

era mais uma vez um cão magro piolhento pulgalhento que queria
amar-me!

o mau tempo é bom e uma memória de criança


aqui ou ali um sorriso supenso ou um beijo prometido no pescoço que escorrega como espuma que bate nos ombros e com o guardanapo de pano limpo os cantos do mundo para que possa respirar mais leve como se chamasse os pássaros

eu já na primavera e ainda tanta gente no inverno
aqueço os joelhos nos pedais da minha bicicleta azul prateada e caio sempre que a monto.
volto a montá-la e deixo a pedra da calçada escorregar até os guarda-chuvas voarem

a tipa grita fado ou o enfado que me farta a tripa
fadas fodas fieis ou não, não importa
importa ou que vem pois nem sempre são peixes
são as horas e são os fios
são os figos do pensamento da aldeia insconsciente
do bolo d'avó e do cheiro a naftalina
tanto porco tanta poica terra que o combóio passa na linha e não pára
não podemos apanhar laranjas
a laranjada antiga na casa da tia
sorvo
um pássaro corvo que voa e não era um grito que o matou
afogado o corpo mole que insistia ficar na água

amén!

o futuro está para o novo circo

se gostarem de circo e das suas artes então aproveitem e iniciem-se nesta viagem - www.cordabamba.com !

sexta-feira, 24 de março de 2006

quando é tarde já

masco a pastilha que m'arde na língua até acordar o estômago
repito o que fiz diz
disse
faço-o outra vez agora
na hora do nosso sono
do anseio entre as pernas entre os lençóis
- faça o favor de entrar
não toques à campaínha que ela dói no ouvido, que me acorda
a corda dos vizinhos onde está?

boa noite! vou fechar as pálpebras e aliviar no sono

os poemas saem-me das mãos



aqui contra o tempo a caspa dos ombros que fica presa aos fios do meu casaco

sacudo-me em vão e o verão ainda não começou mais parece neve

partiram-se-me as horas as hortas os ponteiros os tomateiros

rasgo a terra pesada

rasgada a terra salivo-me para mostrar o que sinto por dentro

só eu ouvi!

o cinema vem ao teatro

o www.teatrobruto.com mistura cinema e teatro - alter ego - no cinema passos manuel a partir de 3 maio.

histórias amarelas

acabei de abrir isto e não sei o que isto é
tenho mãos que preferem a terra
o arrancar das raízes
do vento que se esconde entres os meus cabelos...!

digam coisas!

abraço e um coração